Após o reconhecimento em Na Mira do Chefe, Martin Macdonagh, realiza uma
sátira inteligente dos filmes que abordam a violência em 7 Psicopatas e 1 Shih
Tzu (título desnecessário, bastava manter os 7 Psychopaths original), além
de retratar o processo de criação de forma bastante humorada e com um elenco
excepcional. Garantia de um passatempo acima da média em meio a tantos outros
que não querem ousar, sem medo de erro.
A Hollyood atual, sabemos, adora requentar roteiros que obtiveram êxito junto ao público e crítica. A rotina dos roteiristas segue uma pressão para a entrega da páginas de ideias aonde a originalidade pode ser um artigo raro. Logo, criar situações, personagens e potenciais sucessos, são praticamente um ultimato para os autores de cinema.
Para Marty (Colin Farrell, também protagonista de Na Mira...), desenvolver uma nova ideia está sendo um
tormento, Ajudado pelo amigo Billy (Sam Rockwell), um ladrão de cães que ganha
a vida os devolvendo aos donos, juntamente com o misterioso Hans (Christopher
Walken), ele quer chegar a um filme sobre psicopatas diferenciado, sem tanta
violência, mais filosófico. Só que a brutal realidade interfere decisivamente, principalmente quando se constata que um cão shih tzu roubado por Billy
pertence a um violentíssimo gangster (Woody Harrelson) e temperamento imprevisível de Billy pode ser uma ameaça.
Construindo uma divertida narrativa aonde ficção e realidade se
entrelaçam, uma linha tênue as separam ou é rompida.Com um estilo que mescla David Lynch e Tarantino, Macdonagh acerta no ritmo da apresentação dos personagens,
estabelecendo uma ponte entre os que são criados para o roteiro de Martin e os
que cruzam o caminho do escritor, interferindo diretamente no rumo da trama. Uma
metalinguagem se firma, com a subversão de alguns e a confirmação de outros estereótipos do tema, adicionados por diálogos espertos e humorados. A violência não é exagerada ou injustificada, servindo para ilustrar o temperamento dos tipos em cena e amarrar o propósito de quem a insere em um roteiro (o autor).
O rumo, sim, de certos personagens
pode ser contestado, pois o espectador mais atento fica se perguntando qual a
destinação dada a eles. Além, de outros “absurdos” que funcionam para o clima
de humor ficar evidenciado, mas apontam para uma indefinição de objetivo
narrativo, enfraquecido ainda por umas subtramas desnecessárias. Por outra perspectiva, esta “confusão”pode ser proposital,
refletindo o processo de criação do roteirista Martin. Influenciado pela miscelânea
que o acompanha, ele atira em várias direções, então havia a necessidade de
expor tudo isso. Mérito.
Os personagens cativantes (o psicopata de Tom Waits é perfeito), o humor bem
colocado e as atuações de um elenco competente se sobrepõem aos erros
cometidos. Erros, sim. Mas perdoáveis, pois foram antes, impulsionados pela
coragem e ousadia, qualidades raras hoje no ramo cinematográfico. Por isso, já vale assistí-lo!!
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Duração: 110 minutos
Gênero: Comédia
Nome Original: Seven Psychopaths
País: Reino Unido
Ano: 2012
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