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5 de fev. de 2013

Django Livre


Estilo aplicado a fatos históricos. O que priorizar? Como harmonizá-los? As perguntas talvez não possuam respostas prontas ou próximas a um consenso para o cinema de Quentin Tarantino. O conceito de reelaboração de certos signos de alguns gêneros se adeque mais ao que o ele vem produzindo nos dois últimos filmes, Bastardos Inglórios e este Django Livre, quando o flerte com acontecimentos reais se tornou mais evidente, dando motivos para discussões, com argumentações favoráveis ou contrárias ao caminho seguido pelo diretor e roteirista. Caminho que termina em um mesmo destino.

Situada no final do século XIX,  a trama de Django, revela as atividades do Dr. King Shultz (Christoph Waltz), um dentista e agora um caçador de recompensas, à procura de um trio de irmãos para executa-los. Acaba, buscando ajuda no Texas, abordando um grupo de escravos. Entre eles, está Django (Jamie Foxx), sendo alforriado pelo justiceiro. Ambos partem em busca dos marcados para a morte por Shultz e o passado  do agora ex-escravo vem à tona, envolvendo a esposa ainda aprisionada Broomhilde (Kerry Washington). Como parte de um acordo, aprendiz e mestre , pois agora Django se transformou em parceiro e também é um caçador de recompensas, vão tentar libertar Boomhillde, mas antes precisam enfrentar cruel Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) e o fiel escudeiro Stephen (Samuel L. Jackson).

O cinema de Tarantino possui algumas características praticamente estáticas. Seria algo como ser igual, mas ao mesmo tempo parecendo diferente. Varia a trama ou a ambientação. Porém, o âmago e os elementos típicos, permanecem.

O tema da escravidão e do racismo, adicionados ao Western spaghetti de Sergio Leoni e Corbucci, serviram ao estilo de Tarantino, alcança um resultado controverso, passível de louvação ou de ressalvas. A homenagem é bem vinda, com sequências que brincam com determinados ícones desta variação de um gênero, que muitos consideram nascedouro de uma linguagem cinematográfica própria, particular. O personagem principal, com simbólico nome, dá o tom de reverência. Até o ator que o personificou pela primeira vez, Franco Nero, reaparece em um diálogo bem espirituoso e engraçado com o Django atual.  A trilha sonora, com temas clássicos (de Morricone, inclusive), serve para o clima de rememoração se instalar mais fixamente. O diferencial é um capricho maior na direção de arte, na fotografia e no domínio narrativo, auxiliado pela boa edição.

Outra marca já bastante positiva é o tratamento dos diálogos espertos, precisos, lapidados com maestria por Tarantino, com longos, recheados de ironia e humorados embates entre os personagens. Para tanto, as atuações do elenco também pesam bastante, Christoph Waltz arrasa com mais uma representação de um alemão. Diferentemente do caráter de Hans Landa, o nazista de Bastardos, aqui ele acerescenta um tom mais acinzentado. Frio, calculista, porém generoso. Mais um Oscar para Waltz?? Muito possivelmente. Dicaprio,também oferece um Candie extremamente bem caracterizado. Jamie Foxx, correto. E Jackson, com talvez, o personagem mais complexo e controverso, em falas hilárias, atitudes realistas e uma lealdade ao patrão que leva à uma reflexão mais que pertinente sobre o caráter humano imprevisível, vingativo e mutável.

A vingança, entretanto, tema básico tarantinesco, quase compromete o resultado final, Os que amam esta marca registrada do cineasta, justificam como sendo algo que não pode ser alterado. Ou seja, a previsibilidade (divertida, ate quando?) é vista como um mérito. Mas até os grandes mestres, como o próprio Leone, Scorsese e Kubrick, ousaram com a adoção de outros caminhos mais criativos e desafiadores.

Direção e Roteiro: Quentin Tarantino
Duração 165 minutos
Gênero: Faroeste
Nome Original: Django Unchained
País: EUA
Ano: 2012

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